quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Copa pra quem?



Os mega-eventos a serem realizados no Brasil nos próximos anos, como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, são grandes investimentos pra uma pequena parcela de mega-empresários multimilionários que querem lucrar ainda mais do que já lucram habitualmente. A população em geral não terá beneficio algum com o advento desses eventos no país, muito pelo contrário, muitas famílias serão prejudicadas com remoções pra obras públicas previstas e milhares de trabalhadores e cidadãos se verão cerceados de seus direitos políticos e democráticos por conta da Lei Geral da Copa, um código de exceçao que será aplicado para que o comitê da copa não perca o controle de seus planos no país.
Essa copa e essa olimpíada são eventos trazidos para o Brasil a fim de gerar altas taxas de lucro do empresariado e desvio de dinheiro público. Não há outros motivos. Toda a argumentação do governo e da mídia de que a copa e as olimpíadas vem com a tarefa de trazer progresso ao Brasil, fazendo a economia girar gerando emprego e renda, etc, não passa de conversa pra boi dormir.
A maioria dos estádios que sediarão jogos da copa sãodesde já propriedades privadas ou a serem privatizadas. O exemplo mais emblemático do desvio de verbas publicas é o estádio do Corinthians em São Paulo, que esta sendo financiado com verba do BNDES e que será propriedade exclusiva do Corinthians, sem nenhum retorno para o contribuinte.
Num pais de tantas carências como o Brasil, onde milhares de pessoas padecem na miséria, sem saúde, educação, esgoto e saneamento básico e moradia, rios de dinheiro correrão pra saciar a sede de lucro de entidades privadas e empreiteiras.
A cidade de São Paulo tem um déficit de educação infantil que beira o impensável. São mais de 120 mil crianças foras da creche. Por que essa verba não vai pra construção de creches que contemplem essa necessidade tão premente?

   
Ainda em São Paulo, aproximadamente 520 mil famílias moram em favelas, cortiços ou outras formas de moradia irregular. Por que não investem dinheiro publico nessa demanda?
Em cidades como Manaus, que sequer tem um time de futebol de relevância, ou em lugares como Belém ou Cuiabá, onde o público do futebol é pífio, os estádios erguidos serão como elefantes brancos. Não terão funcionalidade alguma em certos lugares, ou pouquíssima funcionalidade em outros. Dizem os paladinos das construções que estas servirão como locais de shows, atividades culturais e religiosas. Mas argumentam isso como se não houvessem lugares apropriados pra estes tipos de eventos.
Ademais, o ônus de todas essas construções há de ser pensado. São milhares de famílias que sofrerão com remoções para que seus bairros e moradias cedam espaço pras obras da copa.
Diante disso tudo nos perguntamos: Copa pra quem? Essa copa não é nossa, não é da classe trabalhadora, que nem assistir aos jogos deverá, haja visto os preços não acessíveis dos ingressos das partidas. 
O trabalhador comum só perderá com a copa no Brasil. Greves serão reprimidas e criminalizadas, manifestações contrárias ao evento também. Tudo por ordem de Dilma e do PT, num gesto amistoso de cortesia aos dirigentes da FIFA. Ou seja, a autonomia nacional que se dane, nossos trabalhadores também.
A copa será para os turistas, que andarão de taxi pelas nossas cidades, todas elas com o sistema de transporte público mais do que saturados. A copa renderá lucros exorbitantes aos grandes empreiteiros, aos empresários do turismo e da hotelaria. Numa frase: essa copa é dos ricos.
Os movimentos sociais se posicionam veementemente contra a copa no Brasil, contra este circo de mercantilização que se tornou nosso futebol, nossas belezas naturais e nosso povo.

Por Mario Medina
NJDS- Núcleo Jovem Dorothy Stang

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Pelo fim do genocídio dos jovens negros




Nos últimos meses em São Paulo a situação de violência urbana aumentou em proporções geométricas após uma quebra no acordo entre PSDB e PCC. O chamado ``salve``, que não se sabe ao certo de onde e por que partiu, foi o estopim de uma matança que não acaba mais.
A média é de 10 a 15 assassinatos diariamente, sobretudo nas periferias da grande São Paulo, onde crianças, mulheres e trabalhadores tem pago a conta de uma guerra de que não fazem parte. Os jovens são as maiores vitimas. Com os toques de recolher impostos, os jovens negros da periferia se tornaram o principal alvo dos ataques e da repressão da policia.
Se de um lado policiais são vitimas de assassinatos perto de onde residem ou por onde costumam transitar, de outro a população fica a mercê de acertos de conta que não fazem distinção entre pessoas envolvidas no crime e pessoas comuns da periferia. Os assassinos tem atirado a esmo, de modo que crianças foram baleadas e pessoas notadamente trabalhadoras e imparciais tem sido vitimadas pelas execuções.
Não defendemos a morte de policiais nem de criminosos. Defendemos o fim das mortes, o fim da violência. O que acontece em São Paulo é uma guerra onde pobre mata pobre, e sem saber, porque não se tem a consciência de como esse processo se dá e chega a tal extremo.
A mão de obra do crime organizado é arregimentada entre jovens pobres sem perspectiva de vida. O desemprego, a falta de oportunidades, o fetiche da mercadoria a que não se pode ter acesso e o desejo de sair da pobreza são as molas propulsoras da criminalidade.
Mas a mão de obra arregimentada para as polícias, sobretudo a policia militar, é formada por jovens pobres que se submetem a formar o braço armado do estado, a serem cães de guarda da burguesia de armas em punho por um salário medíocre, o que naturalmente gera corrupção e abuso da violência, modus operandi da esmagadora maioria da PM.
É curioso notar que o policial geralmente sai da periferia onde mora pra reprimir a população de uma outra periferia. No final do expediente volta pra casa, afastada de onde trabalha, e se torna vitima dos assassinatos do PCC próximo de onde mora. Ou seja, é pobre matando pobre. De um lado os pobres que se agrupam por fora do sistema da legalidade pra serem mão de obra de traficantes milionários, porque eles é que são os donos e os beneficiados do esquema do tráfico; e de outro os policiais que por falta de melhores oportunidades e de falta de consciência de classe se vendem para a repressão do estado e mormente seguem uma lógica de vida de extrema violência.
E aí voltamos ao ponto de onde partimos. Quem paga o pato desse sistema perverso e venal é o trabalhador pobre, o jovem negro da periferia que se torna o alvo das balas dos esquadrões da morte que matam sumariamente quem encontram pela rua, com passagem ou não pela polícia.
A solução para o caos que se estabeleceu passa uma nova forma de pensar a segurança pública, a saber, a dissolução da policia militar e a criação de uma segurança pública a ser feita pelos trabalhadores constituídos em armas; uma segurança pública comprometida com os interesses da classe trabalhadora, e não a serviço dos vis interesses do capital e dos poderosos.
Enquanto as condições subjetivas não são suficientes para a superação do sistema capitalista e seus meios de controle social, a população amarga a violência e a opressão naturais desse regime. Lamentável.
Nós, do Núcleo Jovem Dorothy Stang, nos solidarizamos com as vítimas do genocídio e da barbárie. Fazemos questão de propor uma nova ordem social e de apontar a solução efetiva para a saída da violência institucionalizada. Nos posicionamos a favor da vida e reiteramos que estamos do lado dos oprimidos. Diante das mortes e atrocidades, não nos calaremos!

NJDS- Núcleo Jovem Dorothy Stang

segunda-feira, 26 de novembro de 2012



Núcleo Jovem Dorothy Stang na Missa do Pe. Julio Lancellotti! Um exemplo de vida a ser seguido. Estamos juntos na luta pelo mesmo ideal, contra o sistema opressor que mata os menos favorecidos !!!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Não ao uso de armas de choque contra os usuários de crack




 Os graves problemas das drogas e cracolândias são casos de assistência social, e não de polícia. Não é essa lógica, porém, que se pode ver no trato com essa questão tão delicada. Haja visto a tentativa de Kassab e Alckimin em tirar a cracolândia da região central de São Paulo, operação que, além de frustrada, pois apenas dispersou os usuários de droga pelos outros bairros da cidade, foi um ato fascista e desumano, que atentou contra os direitos da dignidade humana dos usuários.
O que se viu na cracolândia nos dias de operação policial foi uma barbárie atrás da outra, verdadeiros atos de violência desmedida e covarde contra pessoas em alto estado de vulnerabilidade, que necessitavam de ajuda de assistentes sociais e profissionais da área da saúde.
Mas a PM paulista, a mando dos reacionários gerentes de plantão da prefeitura e do governo do estado, passou por cima de todos os limites do razoável, agredindo com cassetetes, bombas de efeito moral e gás lacrimogênio, balas de borracha, e ameaçando com internações compulsórias as pessoas que ali se encontravam.
E tudo isso por uma gestão higienista de cidade, que quer ``limpar`` as ruas dos miseráveis e indigentes e beneficiar grandes construtoras, que, com certeza, são financiadoras de suas campanhas nas eleições. Os interesses defendidos naquela operação policial eram os interesses dos grandes especuladores imobiliários que querem lucrar com os investimentos da copa do mundo de futebol de 2014.
Não bastasse todos os ataques contra os usuários de crack no ultimo período, agora querem legalizar o uso de sprays de pimenta e armas de choque na repressão aos usuários de crack que perambulam pelas cracolândias de todo o país.
Dilma e o PT estão fazendo o mesmo jogo de partidos como PSDB e PSD. Estão ratificando e promovendo os meios necessários para que a barbárie continue. Estão dando a faca e o queijo nas mãos de prefeitos e governadores para que estes façam o serviço sujo em suas localidades.
Este fato, ao lado de outros tantos que puderam ser observados ultimamente, como as internações compulsórias de usuários de crack no Rio de Janeiro, a mando do PMDB, evidencia que Dilma e o PT estão de mãos dadas com o que existe de mais nojento na cabeça das elites e poderosos do país.
Uma presidente que se gaba de ter lutado e pego em armas na ditadura militar e que se diz uma alternativa progressista perante as demais forças burguesas que almejam a presidência, ao viabilizar mais um método cruel de repressão, mostra que passou de corpo inteiro para o lado dos torturadores.
Pois a arma de choque é sim um meio de tortura, e perigoso. É sabido de todos que se uma pessoa é atingida por vários tiros, pode vir a óbito. Nas mãos da polícia paulista, por exemplo, que é a mais violenta do mundo, se tornará um meio de execuções sumarias.


 O Núcleo Jovem Dorothy Stang se posiciona contra estes e quaisquer outros métodos de repressão aos já marginalizados usuários de crack. Estamos nas fileiras dos que defendem a vida, e não a morte. Não nos calaremos perante este ato abusivo de violência e opressão. Exigimos que dispositivos como estes sejam imediatamente retirados das ruas. Em lugar da repressão, propomos o acompanhamento e triagem dos usuários por assistentes sociais e psicólogos e tratamentos dignos e de excelência para a recuperação da drogadição, com vistas a uma reinserção na sociedade.

NJDS- Núcleo Jovem Dorothy Stang
Por: Mario Medina
Novembro de 2012

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Por que não tem Dia da Consciência Branca?



                                                 

Segundo historiadores, em menos de um século da invasão dessa terra que hoje chamamos Brasil, já aportavam aqui os primeiros navios trazendo negros da África.
Sem contar as barbáries cometidas contra os nativos da “nova terra”, durante séculos vivemos com naturalidade a exploração da mão de obra negra, a escravização e desumanização dos negros nas senzalas dos senhores. Mãos calejadas, costas feridas, correntes nos pés. Não bastava aos senhores terem escravos, era preciso humilhá-los ao extremo, obrigá-los a trabalhar cerca de dezesseis horas por dia, abaixo dos vis olhares de brancos feitores de escravos, que não hesitavam em usar suas chibatas ou algum outro castigo contra os negros que não obedecessem.
Em 1888, Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Negras e negros então não tinham para onde ir, portanto a maioria continuava submetendo-se a trabalhos miseráveis em troca de pouca comida e um lugar para dormir. Mãos calejadas, costas feridas, ainda que sem correntes.
E hoje, o que temos?
Hoje temos um cenário desigual, reflexo de anos e anos de escravidão, de exploração, de humilhação. Estudos apontam que 70% dos homicídios em 2010 tiveram como vítimas pessoas de pele negra. O mesmo estudo mostra que em 53% dos homicídios as vítimas tinham idade entre 19 e 25 anos e, desses, 74,6% negros. (Dados: DataSUS/Ministério da Saúde e do Mapa da Violência 2011.)
As diferenças de oportunidades para negros e brancos no país se revelam no ensino superior, onde menos da metade dos estudantes são negros, segundo a Agência Brasil. É relevante ressaltar que, no Brasil, dentre os jovens com idade entre 18 e 25 anos que não trabalham nem estudam, 41,5% são mulheres pretas, pardas e indígenas. Tais dados somente reforçam que, ainda com a implantação da política de cotas, o país está muito aquém de conquistar mudanças significativas no que diz respeito à igualdade de acesso à Educação.

No mercado de trabalho não é diferente. O IBGE verificou, através do CENSO 2010, que os rendimentos dos brancos são, numa média nacional, o dobro dos da população que se declara preta.
Ainda assim, com todos esses números absurdamente cruéis há quem faça piadinhas e até mesmo quem reivindique de verdade um “dia da consciência branca?”. É doloroso ler notícias sobre “mendigo gato” de Curitiba e saber que esse recebeu tratamento diferenciado, ver a comoção pública em torno da existência de um mendigo branco, loiro, dentro dos padrões de beleza impostos pela sociedade, e, enquanto isso, os outros mendigos continuam invisíveis aos olhos hipócritas e já habituados ao racismo cotidiano. Não que o tal mendigo devesse permanecer na rua, sem receber assistência nenhuma, mas por que não tratar outros da mesma maneira?
Não podemos permitir que tanta injustiça e tamanha desigualdade continuem sendo motor de uma sociedade opressora que segrega de acordo com o tom da pele. O que temos acompanhado nos últimos dias, com os ataques e mortes nas periferias é a face mais podre da polícia, racista e classista, que segue cometendo chacinas sob o véu de estar simplesmente respondendo a ataques do crime organizado. Até quando assistiremos calados a tudo isso? Queremos políticas públicas para a população negra! Cotas raciais e sociais JÁ! Basta de genocídio de jovens negros!
 Viva Zumbi! Feliz dia da consciência negra a todos.

Por: Kleber Ribeiro
NJDS/ Núcleo Jovem Dorothy Stang

domingo, 18 de novembro de 2012

Justiça para o `` caso Irmã Dorothy ``





No início do mês de Novembro o STF expediu uma ordem de soltura para o mandante do assassinato de Irmã Dorothy, missionária e mártir de grande relevância e testemunho para a igreja do Brasil no último período.
Americana, Irmã Dorothy Stang veio para o Brasil e foi morar no interior do Pará, onde trabalhou por mais de trinta anos junto aos camponeses pobres e proletários da terra, defendendo-os da violência e da ganância dos latifundiários e seus jagunços.
Imbuída de fervor missionário, animada em sua fé no Cristo, Irmã Dorothy abandonou família e oportunidades em seu país de origem, um país rico, diga-se de passagem, pra se estabelecer em um país de terceiro mundo, numa região de muitos pobres e muitas lutas sociais. Assumiu a luta do povo por seus direitos e por justiça e foi morta vítima de jagunços que serviam ao interesse de uma camarilha de poderosos que exploram e oprimem o povo pobre da floresta.
Irmã Dorothy reivindicava vida digna para os trabalhadores da região, que eram permanentemente assediados pelos vis interesses de uma pequena parcela de gente desumana que queria a todo custo desmatar a floresta. E por isso morreu. E, com toda razão, tem sido lembrada pelos lutadores sociais e militantes dos direitos humanos como um dos grandes símbolos da luta por terra e justiça social no Brasil.
Esta santa mulher era vítima constante de ameaças e, marcada pra morrer, não retrocedeu ou se ausentou. Muito pelo contrário. Jamais se calou diante das atrocidades cometidas pelos latifundiários e defendia veementemente o direito dos camponeses pobres se armarem e fazerem sua auto-defesa.
Morreu com sua bíblia em mãos, falando da Palavra aos seus executores, que não se apiedaram da religiosa já idosa. Irmã Dorothy foi mártir de uma causa muito nobre, e é exemplo de seguimento incondicional ao Cristo, no amor aos irmãos e na evangélica opção preferencial pelos pobres e marginalizados.


Poucos anos depois de sua execução, o mandante de seu assassinato é solto a mando da mais alta corte de magistrados do país, o que revela a mentira do aparente estado democrático de direito tão apregoado pelas instituições burguesas. Por que tanta gente amontoada nas prisões por pequenos crimes enquanto um assassino está solto? A verdade é que neste país, ou melhor, neste sistema, não existe justiça para os pobres e desvalidos, e sim para os ricos e poderosos, que mandam e desmandam e contam com a negligência das autoridades e do estado.
Irmã Dorothy, como muitos outros mártires do campo ou das cidades, é mais uma vítima do sistema viciado de poder em que vivemos. Enquanto uma pequena parcela é beneficiada por ser detentora de propriedades e vultosos recursos, a maioria esmagadora amarga a pobreza, a miséria e até mesmo a extrema miséria.
Num país de tantas riquezas naturais como o Brasil, o contraste entre ricos e pobres é assustador. Somos um dos países com maior PIB do mundo, todavia temos um IDH vergonhoso e uma das maiores concentrações de renda do mundo.
Daí o caos social em que vivemos. Desses enormes contrastes surgem as contradições. O povo do campo não tem acesso à terra. Os trabalhadores da cidade não tem salário digno. As pessoas padecem a falta de uma infraestrutura razoável para a educação e a saúde, não tem acesso ao lazer e a cultura.
O povo é ludibriado pelos politiqueiros de plantão ano sim, ano não; vítima das falsas promessas e das mentiras deslavadas das campanhas eleitorais. O povo mais carente é vitimado pelo assistencialismo que aliena e protela uma mudança que garanta efetiva qualidade de vida pras pessoas. Sobretudo Norte e Nordeste são extensos currais eleitorais onde a miséria é condição sine qua non para a manutenção do regime político vigente.
Irmã Dorothy se opôs deliberadamente a esse sistema cruel e desumano. Como ela, muita gente morre todos os anos vítima da repressão. O ``caso Irmã Dorothy`` ganhou repercussão e projeção na mídia por se tratar de uma freira americana. Mas, como ela, muitos outros anônimos são mortos por lutarem por justiça.
O Núcleo Jovem Dorothy Stang repudia a atitude patética do STF e exige punição aos assassinos de Dorothy Stang. Reafirmamos a luta de Irmã Dorothy e saudamos sua memória lutando com nossa juventude e disposição por uma nova ordem, por um país e por um mundo onde não haja injustiça, mas fraternidade e solidariedade entre as pessoas e os povos, um mundo de igualdade e amor.          
Por: Mário Medina
                                                                                NJDS / Núcleo Jovem Dorothy Stang
                                                                                Novembro de 2012

Sete anos após assassinato, Dorothy Stang continua viva, símbolo de luta e resistência



"Eis a minha alma”. Foi com esta frase que a irmã Dorothy Stang deixou a vida terrena, após ser assassinada em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, estado do Pará, Norte do Brasil. A missionária de 73 anos, que lutava pelos direitos dos/as agricultores/as da região e contra as ações dos grileiros no Estado, incomodou os grandes proprietários de terra e sofreu a penalidade máxima por trabalhar junto aos menos favorecidos e em defesa da floresta Amazônica. Quase sete anos após sua partida, os frutos de seu trabalho continuam a germinar. De acordo com Dinailson Benassuly, coordenador do Comitê Dorothy, o trabalho que era feito pela missionária continua sendo realizado pelas irmãs da Congregação das Irmãs de Notre Dame e tem dado resultado. "O trabalho continua a ser realizado e está gerando bons frutos. Os agricultores estão progredindo, muitos já estão construindo suas casas e cuidando dos cultivos de cacau nos PDS [Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis] Virola e Esperança, que no futuro vão ser bem grandes. Estamos jogando as sementes para que surjam novas pessoas dispostas e lutar”, revela. Dinailson afirmou que irmã Dorothy continua presente no coração das pessoas que a conheciam, conviviam e admiravam. "A memória dela ainda é muito viva”, disse. Para relembrar sua vida e trabalhão, no dia em que se completam sete anos de sua morte, diversas atividades serão realizadas. Em Belém (PA), será realizado, um ato político, cultural e interreligioso na Praça da República, a partir da 9h. Em Anapu, acontecerão atividades em São Rafael, onde o corpo de Dorothy foi sepultado. Durante a manhã e a tarde acontecerão atividades com agricultores/as e entidades parceiras. Já em Fortaleza, Ceará, região Nordeste do Brasil, uma missa será rezada às 18h do domingo (12), na Paróquia de Santo Afonso (Igreja Redonda). De acordo com Dinailson, nas atividades realizadas no Pará, haverá espaço para debates sobre temas ambientais como a hidrelétrica de Belo Monte, planejada para ser construída no Rio Xingu. Dorothy também militava contra a construção do mega-projeto, que segundo o coordenador do Comitê, só trará problemas para a população do Estado. 


Entenda o caso Irmã Dorothy era uma missionária norte-americana que atuava com projetos de reflorestamento e proteção à floresta Amazônica. Também trabalhava junto aos agricultores/as e lutava pela redução dos conflitos fundiários, muito comuns nesta parte do Brasil. Em 12 de fevereiro de 2005, após receber várias ameaças de morte em decorrência de seus trabalhos, a missionária foi assassinada com seis tiros, em Anapu.

O assassinatoA missionaria Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, segundo a perícia. O crime ocorreu em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, local de implantação do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentavel).Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.



FONTE: Texto de Natasha Pitts para Aditalmailing list