domingo, 16 de dezembro de 2012

Somos todos Casaldáliga






Nessa última semana, Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia, eminente figura na defesa dos direitos indígenas e militante dos direitos humanos de larga história, foi ameaçado de morte por fazendeiros de sua região que atribuem a ele o fato dos índios Xavante saírem vitoriosos na luta por uma terra que lhes foi tirada de grandes latifundiários na década de 60 e que há mais de dois decênios esperava por um posicionamento do governo.
Dom Pedro Casaldáliga é espanhol e há mais de 40 anos luta em favor da democracia e dos indígenas na região onde foi eleito bispo. Figura conhecida internacionalmente por sua atuação contra o regime militar e em favor de movimentos sociais, Dom Pedro é hoje um homem de 84 anos acometido por mal de Parkinson.
Ameaçado de morte, foi escoltado pela polícia federal para um lugar a mais de mil quilômetros de distância de onde mora, e está hospedado na casa de um amigo que não pode se identificar por questão de segurança.
Dom Pedro Casaldáliga é exemplo de dedicação aos pobres e oprimidos e figura entre vários religiosos que se destacaram em lutas sociais na região Norte / Nordeste do país, como irmã Dorothy, padroeira deste grupo e que morreu assassinada há poucos anos no estado do Pará por defender camponeses pobres da violência de grileiros e madeireiros, e Dom Luís Cappio, Bispo de Barra, na Bahia, que se insurgiu contra a transposição do Rio São Francisco, obra do governo federal que irá beneficiar grandes produtores de commodities em detrimento do meio ambiente e de nativos como povos indígenas e ribeirinhos.                                 
A atuação da igreja e de figuras públicas como padres, bispos e religiosos é de extrema importância para a luta dos povos pobres dessas regiões desassistidas pelo governo. Milhares de índios, ribeirinhos e sem-terra sofrem nas mãos dos grandes fazendeiros que monopolizam a produção e tratam os miseráveis com mãos-de-ferro. Nessa conjuntura, muitos missionários se decidem por morar entre os povos oprimidos e defendê-los da sanha do grande capital.
O Núcleo Jovem Dorothy Stang se solidariza com Dom Pedro Dasaldáliga e com todos os lutadores do campo. A exemplo deles queremos nos comprometer com a causa dos mais indefesos e injustiçados. Optamos pela resistência e formamos fileira entre os que exigem uma outra ordem de justiça e fraternidade.
Como o monsenhor Júlio Lancellotti pronunciou ontem em São Paulo: '' se querem matar a Dom Pedro, que matem a mim, que matem a nós, e ainda assim permaneceremos.'' Somos todos Casaldáliga!


                                                       
O sangue mártir fecunda a terra de luta e resistência. Se hoje existimos com o nome de Dorothy é porque seu exemplo deu frutos. Podem matar um, dois, quantos forem. Surgirão outros mais para lutar em seu lugar. É como o exemplo da igreja primitiva. Perseguidos pelo Império Romano os cristãos iam com alegria e fervor para o martírio, de modo que convertiam multidões.
A violência dos poderosos atenta contra eles próprios. É o embrião da nova ordem que há de surgir, como que numa dialética de negação do que por ora é predominante.

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